sexta-feira, 19 de março de 2010

Às vezes me pergunto por que o amor,que dizem ser a coisa mais forte e importante que há,faz tanta gente sofrer. Entendo que algumas pessoas amam com impaciência,amam com possessão, amam com insegurança,amam com violência,amam com preguiça,amam das formas mais desajeitadas,e nada disso é coisa fácil de lidar.Mas o amor é assim mesmo,vem acompanhado de várias outras sensações,todas elas fora do nosso controle.O amor é lindo,mas também pode ser tenso,fóbico,difícil.
Chego à conclusão,então,de que se o amor é nobre e,ao mesmo tempo,ameaçador,deve existir algo muito melhor que amor.Muito maior que ele.Um sentimento que vários de nós talvez já tenhamos experimentado,só que,como esse sentimento nunca foi batizado,não o reconhecemos com facilidade.É difícil classificar as coisas sem nome.
Maior que o amor,melhor que o amor: um sentimento que ultrapasse todos os padrões convencionais de relacionamento.Que prescinda de fogos de artifício por ter chegado e também dispense velório por ter partido,que se instale sem radares em volta,que não nos deixe apreensivos para entendê-lo e nem para traduzir os seus sinais.Um sentimento que não se atenha à longevidade nem a uma intensidade medida pelo número de declarações verbais.Que seja algo que supere conceitos como matrimonio,família,adequação social.Que seja individualizado,amplo e sem contra-indicações.
O amor como o conhecemos é apenas um aprendizado,um estágio antes de a gente alcançar isso que é maior e melhor: um sentimento que independente da presença constante do outro,que confere leveza à vida,que nos deixa absolutamente plenos e livres.Plenos o amor nos torna mas livres? Não. O amor termina e isso nos atormenta.Quando é maior e melhor que amor,não termina,mesmo quando a relação se desfaz.
É um sentimento que,quanto mais forte,mais calmo.Quanto maior,mais discreto.A gente não o pensa,não o discute,não o compara,não o idealiza.Ele simplesmente encontra asilo dentro de nós e cresce sem a aflição daquelas regrinhas impostas ao amor: “tem que cultivar,tem que reinventar, tem que...”. Tem que nada.Tem que apenas curtir.É até bom que ele não tenha nome,símbolo,cor e teorias.Melhor assim sem estampar capas de revista,sem que ninguém o use como argumento para cometer insanidades,sem virar monte para propaganda,sem fazer sofrer nas novelas e nem na vida.Simplesmente enorme assim,sem ameaçar.
Transcendente como um convite para caminhar na chuva...





Nenhum comentário:

Postar um comentário